domingo, 13 de outubro de 2013

TEXTO | É platônico

Senti o suor descer pelo meu rosto. Minha respiração estava ofegante. Eu estava tremendo. Os olhos da Lucy me observavam. Um olhar de preocupação. Medo.
-“Você precisa acordar pra vida... Parar de pensar em alguém que não pode ter uma relação com você.” Ela disse, sem me encarar.
-”Eu não entendo. Tenho raiva de mim por isso. Eu não queria... Não queria gostar tanto dele. É tudo muito confuso pra mim. De uma hora pra outra eu começo a necessitar tanto de alguém tão impossível de se conseguir.” Falei, deixando uma lágrima cair do meu olho.
-“Não é tão difícil assim! É só colocar outra pessoa...” Ela disse com um tom alto.
-“NÃO É TÃO FÁCIL COMO VOCÊ IMAGINA!” Gritei, explodindo toda a raiva que estava guardando.
-“Vamos... Se não vai se atrasar pra aula do seu namoradinho!” Ela disse, com um tom de ironia.
-“Me deixa em paz!!” Falei, virando as costas e correndo em direção a algum lugar bem longe dali. As lágrimas percorriam o meu rosto e dificultavam cada vez mais achar um lugar para me esconder de todos.
Avistei uma porta. Provavelmente seria uma dispensa. Abri e entrei rapidamente. Eu estava certa sobre o local. Era bem pequeno, e provavelmente só cabia uma pessoa por vez. Encostei na única parede sem prateleiras e continuei a chorar. Sem entender o que eu estava pensando e sentindo.
-“Emily...Abre a porta!” Ouvi a voz dele do outro lado da porta. “Quero falar com você!”
Eu pensei em como estava agindo de forma infantil, e decidi abrir a porta para ele, mesmo querendo voltar a ser criança naquele momento e poder estar no colo da minha mãe, sentindo a sua proteção. Ele entrou na dispensa, bem apertada, e me abraçou. Mal podia mexer seus braços. Senti seu coração batendo forte. Eu sabia que ele não fazia ideia do que eu sentia por ele. Na sua cabeça, éramos apenas bons amigos.
-“Não gosto de te ver assim...” Ele disse, enxugando uma lagrima que insistiu em cair. “Sei que sou apenas seu professor. Mas essa relação de ‘apenas’ professor e aluna só existe dentro da escola, fora dela você sabe que somos melhores amigos” Ele disse. Aquilo deveria me animar, mas o “melhores amigos” sempre me partia o coração. Eu gostava de ter ele por perto. Ter essa relação de amizade. Mas a amizade cresceu tanto a ponto de me fazer apaixonar por ele.
Eu estava sempre confusa. Sem saber o que fazer. Nunca imaginei que um dia iria me apaixonar pelo meu professor. 

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